terça-feira, 28 de junho de 2011

Todo mundo tenta sua saída

 Seja pela Assembleia de Deus, pela comunhão católica, pela maconha ou pelos livros de Zíbia Gasparetto.

   Creio que na verdade, todos estão muito mais ligados do que pensam e a algo muito mais real e sólido que qualquer uma dessas fugas.
   A incerteza do futuro, a fragilidade da vida humana, e as infinitas aleatoriedades infelizes questionam cada um internamente (ao menos as pessoas em que resta expressões mínimas de consciência) e atestam-nos em suas verdades, empurrando-os sabe-se pra onde. E onde depende da força de resistência (ou falta dela) que a pessoa aplique. Um pai de família comum, perdido entre desilusões amorosas, um regime de semi-escravidão e falta de felicidade agarra-se à Assembleia como seu ultimo retiro, âmbito em que os dogmas cegos formas sentidos e confortam suas angústias, um cidadão que tranca-se em casa com seus livros pois só com eles tem a possibilidade de dialogar. Uma criatura mergulhada em mediocridade que colocar a vaidade como objetivo de vida, em busca de legitimação e assim, consolo, pra saciar uma dívida que tem consigo mesma, de origem tão remota quanto à dos pais de família da Assembleia.
   E aí, tudo se passa por ideologia, por construção social ou pelos labirintos psicológicos existenciais? A certeza que tenho é que não sei responder. Uma competição quase natural, estimulada ou uma carência - melhor, necessidade - da espécie?
   E como ficam os que põe força de resistência? Sem deus, sem dinheiro, sem um escape que ocupe sua necessidade como uma miragem. A energia própria, o sopro vital budista flamam como um pingo na inundação. Buscar a própria essência, conciliadamente com o que couber à sua realidade, dentro de um fluxo errante interminável que te puxa pro lado contrário e vira teus valores à própria vontade. 

   As incertezas que te fazem de besta e as idiotices que te cercam e aquilo que tu realmente queres. Põe tua força e busca pra que, fora das palavras de Augusto Cury ou longe de Caio Fernando de Abreu, encontre algo que te agrade e realmente preencha - de acordo com o que teus sentimentos vão dizer. Esquece tua covardia, tua salvação se encontra perto da tua derrota. Buscar complemento é admitir-se solitário. Caminha pelo limbo e procura esse sopro, procura também tua fraqueza.

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