domingo, 4 de setembro de 2011

No cinema, em 1998

Dr. Dolittle foi o primeiro filme que vi no cinema. Pelo menos foi esse o primeiro filme de que lembro ter visto no cinema. Não sei se tive aos meus olhos O Rei Leão ou Branca de Neve através das luzes do telão. Lembro de Dr. Dolittle. 1998. Fui ao cinema, pela primeira vez, com 7 anos? Não lembro. Por não lembrar, registro 1998 como o ano em que fui ao cinema por vez primeira. Na época, não existia complexos-multiplex situados nas regiões internas do Shopping Recife. Era aquele anexo onde hoje funciona (ou funcionava) a boate Fashion.

Experiência única. Por ter, na época, pais extremamente ocupados, quem me levou para o paradisíaco universo da sala com cheiro de pipoca e de refrigerante aberto foi minha tia. Primos arrumados no carro. Seria uma grande experiência a que aconteceria naquela tarde. Todos em direção ao Shopping Recife. O que a gente ia fazer lá mesmo? Eu me perguntava. Ver Dr. Dolittle no cinema. Doutor Doliral - eu escutava assim. Não sabia sobre o que era o filme e quem (ou o que) era Doutor Doliral. Só sentia, na verdade, um clima de festa no ar. Tava valendo a experiência, fosse qual fosse.

Lá, tudo escuro. Um monte de biscoito e guloseimas levadas na sacola de tia. A máfia da farofa no cinema, quem nunca fez? Comidas, comidas... Começa o filme. Alguns bichos surgiam do nada. Uma trama incompreensível. Todos riam e, sei lá, não estou entendendo essa história. Os homens, os animais e os objetos eram, para mim, extremamente grandes. Como se hoje, aos 20, eu estivesse sentada em uma cadeira situada a trinta centímetros da tela.

As luzes, a textura da cadeira, o cheiro da comida e o barulho das embalagens a serem abertas e amassadas, o montão de gente concentrado na tela retangular eram as coisas que, sim, conseguiam chamar a minha atenção. Duas longas horas de um blábláblá desinteressante. Depois de quarenta minutos investigando a atmosfera do lugar, me aquietei, entediada. Não via a hora de acabar aquele filme chato.

Na primeira vez que fui ao cinema, o filme foi algo secundário. Essa situação até que se repetiria algumas vezes depois, mas por motivos diferentes. Nesse ano de 1998, o cinema foi um calo no meu pé. Só anos depois, consegui me apaixonar pelo coitado. As imagens que eu sentia demasiadamente grandes hoje não mais me invadem. As história complicadas não mais me angustiam. Hoje, eu mergulho nas imagens e as histórias se contorcem para me entender.

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