sexta-feira, 5 de agosto de 2011

À chuva, a minha prece

Peça que chova agora.

Que essa água lave a pele tão ressecada
Que arraste as impurezas da superfície
Que essas gotas desfaçam sua face, sua máscara
Que deslize a saliva corpo abaixo
Que perfure e invada os poros, que inunde
Que remova as lágrimas, remova os sorrisos
Que deixe limpo
Que deixe suscetível
Que essa chuva penetre ainda mais
Que revolva seus órgãos
Que enoje sua alma
Que ponha pra fora o indesejado
Que expulse o desejado
Que te permita ser menos o que queres
Que te force a ser mais o que precisa
Que te desnude
Que te envolva
Que te faça água divina
Que seja você mortal
E que seja chuva, que chova, que não seque.

2 comentários:

  1. A chuva é mágica né? nunca se pode duvidar do seu poder de transformação.

    ótimo poema!

    fiz um sobre a chuva uma vez também:
    http://bit.ly/reanCj

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  2. Com a licença poética:
    Que te permita ser menos o que querees
    que te force a ser menos do que precisa
    Que você seja nem menos, nem demasia
    Que seja você, e já será o bastante.

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