terça-feira, 13 de setembro de 2011

À procura

Convenhamos: escrever um texto pessoal pode ser muito simples. Dor e angústia todo mundo tem, traduzir isso em palavras muitos conseguem. Já dizia um professor meu: todo adolescente com um coração partido escreve poema. Já dizia Drummond: Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro / são indiferentes. A posição é até válida, mas não acho que deva ser levada tão à última palavra.
O problema é que amor, dor, todos os nossos sentimentos têm seus dois lados. São de todos porque todos sentem, mas são de cada um porque são maneiras diferentes de se sentir. É fácil escrever sobre o que te aflige. A família que não te entende, os amigos que você não tem, o amor que acabou, a vida que não era o que você esperava. Tudo isso pode ser o teu caso. Difícil é você expor esse sentimento de modo a fazer com que o outro também sinta. Difícil é sua angústia, aquela que te aperta o coração, toque o que quer que corresponda a ela no fundo da alma de mais um angustiado. Caso contrário, pode ficar tudo muito bonito para você, mas fechado aos demais. O desafio de escrever não é executar o ato de pôr em palavras. É escolher aquelas que tornem o teu particular em universal. Que todos os que sintam uma aflição existencial leiam e pensem "caramba, é isso".
Taí. Minha primeira tentativa de um texto não pessoal-poético. Uma tentativa de hipertematizar esse meu espaço. Espero ter conseguido.

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